A conquista veio após forte mobilização dos metalúrgicos do setor aeronáutico, que estavam em estado de greve para pressionar as empresas a avançar nas negociações da Campanha Salarial. A última rodada de negociação entre o grupo patronal, representado pela FIESP, e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas, aconteceu ontem, em São Paulo.
O reajuste de 9% será aplicado a salários de até R$ 8 mil. Para quem recebe acima desse valor, será aplicado um fixo de R$ 720. Nos inícios das negociações, a FIESP havia proposto reajuste de 9% apenas para quem recebe até R$ 4.673, o que deixaria cerca de 60% dos trabalhadores de fora do benefício.
Além da Embraer, a proposta do grupo patronal também será levada em assembleia dos trabalhadores da Latecoere, C&D, Aernnova e Alestis. Todas as empresas haviam sido notificadas, no último dia 4, sobre o alerta de greve votado pelos trabalhadores, com a perspectiva de deflagração por tempo indeterminado. Ao todo, essas empresas representam cerca de 14 mil trabalhadores em São José dos Campos e Jacareí.
No ano passado, a Embraer e o setor aeronáutico não assinaram acordo da Campanha Salarial e aplicaram apenas a reposição da inflação aos salários. O caso foi levado para dissídio coletivo e será julgado amanhã, dia 10, no Tribunal Regional do Trabalho, em Campinas.
Data-base e clausulas sociais
Após cinco anos, os metalúrgicos do setor aeronáutico conquistaram a assinatura de Convenção Coletiva. Isto significa que os trabalhadores de todas as fábricas do setor terão direito aos benefícios previstos na convenção.
A clausula que garante a estabilidade até a aposentadoria para trabalhadores lesionados e que tenham sofrido acidente de trabalho representam uma grande vitória, pois o ritmo e as condições de trabalho na Embraer, cada vez mais tem deixado os trabalhadores doentes.
Uma das reivindicações da categoria era a mudança da data-base de novembro para setembro. Ficou definido que a FIESP e os sindicatos da categoria criarão, em maio, uma comissão para discutir uma possível alteração e realizar a transição a partir de 2011.
“Os trabalhadores da Embraer mostraram, este ano, que iriam lutar até o fim por seus direitos. A organização dos trabalhadores e a mobilização foram decisivas para a vitória”, afirma o vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros da Silva.